terça-feira, 31 de janeiro de 2012

Jack, o estripador!!!!

Londres, 1888. Sombria e enevoada Londres… Madrugada de 31 de agosto, em um bairro pobre, cheio de cortiços. Quase todos dormem.
O homem que viria a se tornar o mais famoso serial killer da história está acordado. Provavelmente bem excitado com o que irá fazer.
Mary Ann Nichols, de apelido “Polly”, prostituta de 43 anos, também estava acordada. Estava nas ruas porque havia sido expulsa de uma pensão, sem dinheiro para pagar a estadia. Ao sair, disse: “Logo conseguirei o dinheiro, veja que lindo chapéu estou usando!”. Mas aquela seria sua última noite.
Em algum momento daquela noite, aquele homem e esta mulher se encontraram.
Primeiramente, ele deixou Polly inconsciente. Agora ele tinha uma faca próxima a seu pescoço. Finalmente, este homem puxa sua faca, o sangue jorra, e aqui se inicia a mais conhecida história de um assassino em série.
Após o corte no pescoço, fundo, fatal, o assassino não se deu por satisfeito. Apunhalou várias vezes a barriga e até os genitais de Polly. Com gestos vigorosos, fez um notável “estrago” no corpo de Mary Ann Nichols.
Um crime chocante, certamente, mas nada que ligasse o alerta da Polícia sobre o que estaria por vir. Um namorado ou cliente apaixonado, talvez? E quem se importa com a morte de uma Polly, de uma prostituta?!
Um esclarecimento precisa ser feito aqui: para a maioria dos historiadores, este foi o primeiro dos homicídios em série deste assassino. Para outros, entretanto, houve crimes anteriores. Na visão destes historiadores, os homicídios anteriores pareceram crimes mais comuns porque, no começo de sua “carreira” o assassino em série ainda não tinha desenvolvido seu modus operandi, sua assinatura. É uma hipótese que faz mesmo sentido. Nos seus primeiros crimes, geralmente os serial killers são mesmo menos seguros, mais titubeantes. Em 7 de agosto – pouco mais de 3 semanas antes da morte de Polly, portanto -, outra prostituta, Martha Tabran, havia sido encontrada no mesmo bairro, Whitechapel, assassinada, tendo recebido 39 apunhaladas. O caso não foi esclarecido.
Oito dias depois da morte de Polly, a menos de um quilômetro de onde seu corpo foi encontrado, alguém encontra outro corpo, no fim da madrugada. Outra prostituta, Annie Chapman, 47 anos . Desta vez, entretanto, o assassino aprimorou um pouco mais o método: foi deixada inconsciente, teve a garganta cortada, foi apunhalada… mas agora seus órgãos abdominais foram removidos. Os intestinos foram deixados sobre um ombro da vítima. Seu útero foi levado pelo criminoso.
A Polícia percebe que se encontra diante de um caso incomum. Um homem de bestialidade assustadora estava à solta. A morte de uma prostituta é algo que comumente não chama a atenção da sociedade. Mas e se várias começassem a ser assassinadas? Mais que assassinadas, estripadas? E se ele passasse a matar também mulheres “corretas”?!
Os jornais começam a dar repercussão à história. As pessoas começam a se sentir amedrontadas, começam a cobrar providências.
Porém, não havia boas pistas. Levanta-se a hipótese de que seja alguém com algum conhecimento de Anatomia. Um açougueiro da região?
Contudo, aos poucos o ambiente foi ficando mais tranquilo, porque alguns suspeitos foram detidos – e especialmente porque os dias foram se passando, naquele mês de setembro, e não apareceram novas prostitutas mortas – e tudo cai no esquecimento, tomados que somos pelas pequenas novidades e necessidades de cada dia.
Até que no dia 28 de setembro uma carta, escrita em tinta vermelha, chegou à Agência Central de Notícias:
“Prezado Chefe,
Continuo ouvindo que a Polícia pegou-me (…). Sou severo com prostitutas e não pararei de estripá-las até ser afivelado. O último trabalho foi uma grande obra. (…) Amo meu trabalho e quero começar novamente. (…)
Atenciosamente, Jack, o Estripador
carta de Jack, O Estripador
trecho de carta de Jack, O Estripador
“Jack the Ripper”… Seria mesmo uma carta do assassino ou apenas uma brincadeira de mau-gosto? O apelido, acreditam muitos, teria sido uma criação de um jornalista, que teria sido adotada pelo autor da carta.
O fato é que “Jack” mataria mesmo, dois dias depois. Na madrugada do dia 30 de setembro, duas prostitutas foram encontradas mortas. A primeira, Elizabeth Stride, de 44 anos, teve apenas a garganta cortada. Teria sido Jack? Será que foi visto e saiu correndo?
A segunda, Catherine Eddowes, 46 anos, claramente foi um trabalho de Jack. Desta vez, além do útero, foi levado um rim. Uma inscrição sobre os judeus (ou sobre maçons) estava na parede ao lado do corpo, mas foi apagada pela Polícia, para prevenir conflitos religiosos – pois havia muitos judeus em Whitechapel.
Uma carta de Jack, comentando os fatos daquela noite, logo chegou à Polícia. No meio de outubro, uma nova carta. Com uma novidade – vinha acompanhada de um pedaço de rim! Dizia, a certa altura: “O outro pedaço cozinhei e comi, foi muito bom.”. Alguns acreditam que se tratava de uma brincadeira feita por estudantes de Medicina.
No dia 9 de novembro, o gran finale. Jack entrou na casa de Mary Jane Kelly, bem mais nova que todas as outras vítimas, com apenas 25 anos. Em sua casa, Jack dispôs de tempo para fazer o que quis com seu corpo. O corte na garganta foi mais profundo, Mary quase foi decapitada. O braço esquerdo também quase foi arrancado do corpo. Nariz e orelhas estavam esfolados, assim como as pernas. Os seios foram recortados e deixados sobre um criado, assim como os rins e o coração. Tiras da carne de Mary foram encontradas dependuradas em pregos na parede. Mary estava grávida e seu útero foi levado.
A cena mais horripilante, sem dúvidas, que presenciariam em suas vidas aqueles que entraram naquele quarto.
Alguns pesquisadores acreditam que há mortes após a de Mary que podem ser atribuídas a Jack. A maioria dos historiadores acha que não, pois tais crimes foram menos bárbaros, e um serial killer não costuma “melhorar”, abrandar sua violência. Hipótese que também faz sentido.
Por outro lado, por que Jack pararia de agir? Há inúmeras explicações. Cumpriu o seu plano. Percebeu que as investigações se aproximavam dele, ou temeu isto. Morreu. Foi preso por outro motivo. Quem saberia dizer?!
O escândalo foi arrefecendo, os dias raiavam sem o encontro de novos corpos estripados, e Jack ia sumindo dos jornais e entrando para a História…
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SUGESTÃO: Livro: “Retrato de um assassino”, Patricia Cornwell; editora Companhia das Letras.
A famosa escritora americana de romances policiais Patricia Cornwell gastou uma fortuna (4 milhões de dólares) para financiar uma pesquisa sobre a identidade de Jack. Foram utilizaram modernas técnicas forenses, mas o resultado da pesquisa, publicado neste livro, convenceu a poucos: para Cornwell, o pintor Walter Sickert, famoso à época, era Jack. O pintor fez vários nus, de mulheres deitadas em posições incomuns.
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